quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Doenças e sintomas na compreensão relacional sistêmica *



Doenças e sintomas na compreensão relacional sistêmica *


Solange Maria Rosset

Agosto 2011


Quando temos sintomas, doenças, problemas e dificuldades nos encontramos numa encruzilhada: nos colocamos/sentimos como vítimas ou usamos a situação para futuras aprendizagens e crescimento.
Sistemicamente  o sintoma é visto de uma variedade de ângulos e portanto pode ter várias causas, vários desencadeantes e vários encaminhamentos. Tal conceito significa que nenhum evento ou parte de um comportamento causa outro, e sim, que cada um está ligado de uma maneira circular a muitos outros eventos e partes de comportamentos. Estes eventos e comportamentos formam ao longo do tempo padrões constantes e repetitivos que funcionam para equilibrar a família e permitem que ela evolua de um estágio de desenvolvimento para outro. Todo comportamento, incluindo o sintoma, estabelece e mantém estes padrões.
Na visão relacional sistêmica, quando alguém na família apresenta algum sintoma, acredita-se que é porque a família está precisando, naquele momento aprender algum novo comportamento, fazer alguma remodelação no seu funcionamento, ou mudar comportamentos que, mesmo que tenham sido úteis em outra etapa, agora são disfuncionais.
Embora as origens de um sintoma possam estar enraizadas num evento externo, sua persistência indica que ele esta sendo usado pela família em alguma transação que está  ocorrendo.
A funcionalidade de um sintoma  varia de acordo com as circunstâncias, o tempo e o lugar. O sintoma pode servir a funções diferentes, em épocas diferentes, para conjuntos diferentes de relações.   Estes padrões podem ser funcionais e assintomáticos durante um longo período de tempo. Eles param de ser assim se um dos elementos da família  aumenta ou muda a sua posição.
Na medida que aceitamos que o problema reside na interação afastamos uma explicação linear dos fenômenos, de causa e efeito, e nos aproximamos da noção de circularidade e, assim, da responsabilidade compartilhada nos sintomas  familiares.
A tarefa do terapeuta é identificar o padrão particular que está relacionado ao sintoma e encontrar uma maneira de mudar este padrão particular. Esse olhar ampliado ajudará o sistema familiar a se mover para uma forma mais complexa de organização que permita enfrentar melhor as circunstâncias atuais da família.
Esta forma de ver o sintoma sai dos esteriótipos de que o sintoma é algo que deve ser removido, e a conduta sintomática passa a ser vista como uma pista do que precisa ser reorganizado, revisto ou aprendido.

2 comentários:

Renata Moulin Magalhães disse...

Solange, tenho enorme prazer de tê-la aqui no Resgate! Se eu já era sua fã só conhecendo suas obras e visões agora então que sou aluna, minha admiração e respeito só aumentou!
Um grande beijo!
Renata.

Teresa Freire disse...

Oi Renata, seja bem vinda ao blog de TC. Uma frase que vc vai gostar: "o essencial é invisível aos olhos, só se pode ver com o coração." Pequeno Príncipe