quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Seja leve!




Ser leve não tem nada a ver com estar em paz com a balança.

Ser leve é um estilo de vida!

 Tem mais a ver com a intenção do seu coração, com a saúde dos seus pensamentos e com a sabedoria das suas escolhas!

Tem a ver com não querer ter sempre a razão e se permitir errar sem culpa, mas com a certeza de que estará mais atenta da próxima vez.

Tenho buscado diariamente adotar essa forma "leve" de viver a vida e de me relacionar, mas confesso que tem dias que o "peso" de antigos padrões e crenças me impedem de seguir adiante com a rapidez que eu gostaria, mas...

...escolho prosseguir, escolho buscar leveza e escolho estar disposta a rever tudo aquilo que atravanca, que me engessa e que me paralisa.

E você?
Como tem escolhido ser?

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Para entender a TPM




Se tem um assunto que praticamente 100% das mulheres conhece é a temida TPM. Se você nunca passou por isso, sua amiga, irmã, filha ou prima já. Apesar de ter gente pensando que tu do não passa de frescurinha feminina, a tensão pré-menstrual é uma realidade na vida de muitas meninas, sim.
Mas, apesar de popular, algumas pessoas não sabem o que exatamente é a TPM. Então, vamos às informações. Ela é resultado de um desequilíbrio hormonal que ocorre no período pré-menstrual, que começa no 14º dia do ciclo. Durante esse período, há um aumento dos níveis de estrogênio e progesterona, o que causa uma série de sintomas físicos e emocionais.
Fiquei impressionada quando soube que já foram registrados mais de 150 sintomas relativos à TPM. Enter os mais recorrentes estão dores de cabeça, alterações no humor, aumento do apetite, nervosismo, enjoo, mal-estar e retenção de líquidos. Sabem o que descobri? Eu estou na idade em que esses sinais costumam vir com mais força, entre os 30 e 40 anos. Isso porque é nessa fase que os hormônios estão mais desequilibrados.
Para diminuir os sintomas, devemos evitar doces, refrigerantes e café ou produtos à base de cafeína, pois eles excitam e aumentam a ansiedade. Além disso, o ideal é investir em atividades físicas, já que elas ajudam a diminuir o estresse.

Fonte: Gineco

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Vamos parar de fumar?




Atualmente 20 milhões de brasileiros  fumam. Isto equivale a 15% da população entre 15 e 75 anos. Portanto este número pode ser maior, visto a precocidade do contato com o cigarro.  Duzantos mil brasileiros morrem por ano em decorrência de doenças correlacionadas diretamente com o fumo. A campanha anti-tabágica ganha então, uma enorme dimensão, já que todas estas mortes podem ser previnidas.
No Brasil e em outros países, de niveis sócio-econômicos iguais ou maiores, existe uma tendência de declínio no uso tabágico. Atualmente temos mais ex-fumantes do que usuários em nosso país, mas a indústria tabageira expande-se para países mais pobres da Ásia e África e portanto o número de fumantes no Mundo ainda não teve queda  importante. Não estamos aqui, entretanto, para esgotar estatísticas e muito menos discorrer sobre os malefícios do cigarro. Estes são fatos. Basta saber que não existem níveis mínimos seguros para o uso do tabáco, assim como a relação do uso desta substância com maior incidência de câncer é evidência  A (95% das neoplasias pulmonares, por exemplo). Só existem 15 substâncias que a OMS correlaciona diretamente com o Câncer e o cigarro está entre elas.
Quando fui convidado a escrever para este blog, inicialmente estava disposto a fazer ponderações sobre como se dá o intercâmbio entre nós, médicos e psicoterapeutas. Sei que muitas vezes os médicos são prepotentes na detenção do conhecimento e que são vistos como pouco tolerantes ao diálogo, ao contrário dos psicólogos, que seriam muito abertos, ficando no plano do discurso por um longo tempo, se tornando  um processo demorado e de pouca aferição de resultados. Isto só para começar a polemizar. Logo me veio O Tratamento Anti-tabágico como um tema no qual encontramos uma enorme interseção de interesses, por isso decidi tratar objetivamente do tema proposto, para que possamos pisar num terreno onde, de fato, somamos ao estarmos juntos. Está em nossas mãos combater esta guerra, mas como fazê-lo?
Sabemos que só ouvir um aconselhamento profissional, de qualquer área, para que se pare de fumar, faz com que cerca de 1 a 3 % dos fumantes parem de fumar. Cabe então perguntar: nós aconselhamos aos nossos pacientes a parar de fumar? Numa pesquisa recente, 60% dos pacientes de cardiologistas negaram que estes os tenham investigado a respeito do hábito tabágico.
Estar atento ao problema faz com que tenhamos uma atitude pró-ativa para com ele. Uma vez determinado que o paciente fuma, podemos tomar iniciativas para ajudá-lo. Aqui vale uma ponderação sobre nossa primeira consulta com um paciente, já que nela se estabelece os vínculos de confiança e afeto tão importantes para que a relação se dê de forma plena. Conseguir o maior número de informações sobre aquela pessoa nos fornece material  precioso,  tais como grau de dependência a nicotina ( Questionário Fagerström),  nível motivacional (estágios de Prochaska e DiClemente), com quem o  paciente pode contar e etc... Somente a posse detes dados nos permite traçar uma estratégia eficaz.
Outro dado já confirmado é que a multi-disciplinaridade no tratamento contra o fumo aumenta a chance de sucesso. Quando temos envolvidos médicos, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, fisioterapeutas e outros, conseguimos fazer com que um maior número de pessoas abandonem seu vício. A participação de mais de um profissional ajudando o fumante a parar, tem mais eficácia que o uso de medicação ati-tabágica isolada. Isto se dá pela maior eficácia do aconselhamento, tornando-o maior e mais acessível ao paciente.
Existem drogas disponíveis no mercado brasileiro, indicadas ao tratamento anti-fumo. A saber:
·        Terapia de reposição nicotínica – Adesivos, gomas e pastilhas;
·        Bupropiona – antidepressivo que impede a recaptação de serotonina aumentando seus níveis no SNC, mimetizando a estimulação nicotínica.
·        Vareniclina – uma molécula semelhante á nicotina capaz de competir com esta por seus receptores, promovendo alguns de seus efeitos.
Estas drogas vêm sendo usadas com sucesso relativo, possuem suas indicações e posologias precisas, mas o que tem aumentado o número de tentativas de parada assim como o nivel de abstinência prolongada em ex-fumantes  é a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC).
 Este tipo de terapia se orienta no problema atual do paciente (fumar), analisando os fatores de vulnerabilidade (predisposições), seus fatores desencadeadores (gatilhos) e mantenedores. Por se concentrar no problema atual (fumar) é orientada por um objetivo definido (parar de fumar e continuar abstêmio), sendo muito mais voltada para a ação ao invés da simples tomada de consciência (insight); não se atendo ao problema mas se expandindo pela vida diária do paciente, que sabe exatamente seus objetivos assim como as ferramentas para alcançá-lo, acentuando a responsabilidade do próprio paciente no processo terapêutico fazendo com que ele se esforce para a manutenção do sucesso de forma constante (parágrafo adaptado dos tópicos de Jürgen Margraf).
Para não ser massante podemos parar por aqui esta primeira discussão sobre o tema, mesmo tendo abordado de forma superficial, justamente, o campo de conhecimento da Psicologia, mas em minha defesa, também não me aprofundei na terapia própriamente dita, pois acho que este tipo de informação pode ser adquirido facilmente em qualquer pesquisa. Prefiro deixar o espaço para a discussão do tema, se assim a alguém interessar.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

As vivências do feto no período pré-natal e seus possíveis impactos sobre o futuro desenvolvimento do ser humano



Muitos estudiosos têm se dedicado a compreender melhor os sentimentos e as ações do feto.

Com a utilização de tecnologias, como por exemplo: ultra-sonografia, ecografia, dentre outras, aprimoraram-se as observações referentes ao desenvolvimento físico-emocional do feto, um ser que sente, tem emoções, experimenta prazer e desprazer, angústia e bem-estar.

Já foi constatado que o feto reage a estímulos, chupa o dedo, dorme e acorda, boceja, soluça, se espriguiça, se coça, esfrega as mãos e os pés, brinca com a placenta e com o cordão umbilical, demonstra desagrado dando pontapés e através de hiperatividade, etc.

Ele ouve os sons internos e viscerais da mãe (ex.: voz, ruídos intestinais, batimentos cardíacos) e os sons do mundo externo de forma “abafada”. A voz dos familiares (mãe, pai, irmãos) é importante para o feto. Contar histórias ou cantar uma música são formas de familiarizar esse ser que, ao nascer, ao ouvir esta mesma voz, a reconhecerá no instante que ouvir aquela música ou história.

 Além disso, o feto recebe influência direta das emoções maternas. Tudo o que a mãe sente, pensa, intui, veicula hormonalmente pelo sangue. Ou seja, ele sente as mesmas emoções sentidas pela mãe. Em determinadas situações, o sistema nervoso autônomo da gestante libera certas substâncias neuro-hormonais (como por exemplo: adrenalina) na corrente sangüínea, que ao transpor a placenta modificarão a bioquímica do ambiente intra-uterino. Essas substâncias lançadas na corrente sanguínea maternal atingem o feto através do cordão umbilical.

Por isso, é interessante que a gestante converse com seu futuro bebê, explicando-lhe a causa de suas emoções positivas ou negativas, se possível, tranqüilizando-o.

Para finalizar, gostaria de citar, resumidamente, um caso observado por Alessandra Piontelli, que estudou a vida pré-natal e seu impacto sobre o futuro desenvolvimento do ser humano. 

Primeiramente, ela recorreu a observação ultra-sonográfica de fetos e continuou com um acompanhamento pós parto no ambiente familiar dos mesmos, com um mínimo de interferência possível.

No decorrer de suas pesquisas, referentes à observação de fetos, Alessandra Piontelli deparou-se com os gêmeos Alice e Luca; eles acariciavam-se no ventre através da membrana divisória e com um ano de idade o seu jogo preferido era o de se acariciarem mutuamente através de uma cortina. Cada um ficava de um lado da cortina da sala, mexendo na cabeça do outro, exatamente como faziam no útero separados pelas membranas dos sacos amnióticos.

Por tudo o que foi exposto, acredito que as vivências do período pré-natal têm forte impacto sobre o feto e conseqüentemente podem imprimir marcas em sua personalidade ou até mesmo desencadear patologias futuras.
Renata Marques
Setembro de 2011
Para quem quiser ler mais sobre esse assunto, recomendo os seguintes livros:
A Caminho do Nascimento - autora: Joanna Wilheim
A Cientificação do Amor – autor: Michel Odent
A vida secreta da criança antes de nascer – autor: Thomas Verny
De Feto a Criança - autora: Alessandra Piontelli
O que é psicologia Pré-natal - autora: Joanna Wilheim
Palavras para nascer – autora: Myriam Szejer



terça-feira, 30 de agosto de 2011

Práticas Narrativas Coletivas: uma forma de Resgate da Lucidez


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Adriana Müller (25/08/2011)

          Eu sempre me encantei com as histórias de vida das pessoas. Por isso, quando, em 2005, eu ouvi Michael White apresentar sua proposta da Terapia Narrativa logo senti ressonância com a estruturação teórica e a posição que o terapeuta ocupa nas conversações: não mais como o especialista, mas entendendo que a pessoa é quem possui todas as informações necessárias para reescrever sua história de vida de uma forma que lhe seja mais agradável.
          Em 2009 o CRESCENT trouxe para Vitória (ES) o workshop “Reagindo às Dificuldades: Práticas Narrativas Coletivas no Trabalho com Indivíduos, Grupos e Comunidades” ministrado por Cheryl White e David Denborough. Este workshop mostrou para mim a possibilidade das ideias narrativas serem aplicadas a grupos de pessoas. Baseada na Terapia Narrativa, as Práticas Narrativas Coletivas seguem quatro princípios básicos:
1)    A dupla narrativa das histórias: existe a história do problema e a história de como a pessoa respondeu a ele;
2)    A ampliação da história: a pessoa constrói conhecimentos mais amplos e ricamente descritos acerca de si mesmo e de sua história;
3)    O vínculo entre individual e coletivo: as experiências individuais relatadas são conectadas a alguma situação coletiva;
4)    A documentação coletiva: forma de contribuir com a vida de outras pessoas que passam por situações semelhantes.
As experiências são sempre belas e produtivas, pois estimulam as pessoas a voltar seu olhar para os aspectos positivos de suas vidas e compartilhar suas descobertas com outros que podem se beneficiar com estes relatos.
Para facilitar este processo narrativo existem várias metodologias, baseadas em diferentes metáforas: o Time da Vida, a Árvore da Vida, a Pipa da Vida, a Despensa da Vida, os Ritmos da Vida – estes dois últimos, criações brasileiras: o primeiro de Lúcia Helena Abdalla e Ana Luiza Novis (Rio de Janeiro) e o segundo, meu (Adriana Müller). Aos poucos posso compartilhar com vocês algumas aplicações destas metodologias.
Para maiores informações, já traduzimos o livro Práticas Narrativas Coletivas: trabalhando com indivíduos, grupos e comunidades que vivenciaram traumas. Além disso, o CRESCENT pretende oferecer um curso de atualização que inclui estas metodologias.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Doenças e sintomas na compreensão relacional sistêmica *



Doenças e sintomas na compreensão relacional sistêmica *


Solange Maria Rosset

Agosto 2011


Quando temos sintomas, doenças, problemas e dificuldades nos encontramos numa encruzilhada: nos colocamos/sentimos como vítimas ou usamos a situação para futuras aprendizagens e crescimento.
Sistemicamente  o sintoma é visto de uma variedade de ângulos e portanto pode ter várias causas, vários desencadeantes e vários encaminhamentos. Tal conceito significa que nenhum evento ou parte de um comportamento causa outro, e sim, que cada um está ligado de uma maneira circular a muitos outros eventos e partes de comportamentos. Estes eventos e comportamentos formam ao longo do tempo padrões constantes e repetitivos que funcionam para equilibrar a família e permitem que ela evolua de um estágio de desenvolvimento para outro. Todo comportamento, incluindo o sintoma, estabelece e mantém estes padrões.
Na visão relacional sistêmica, quando alguém na família apresenta algum sintoma, acredita-se que é porque a família está precisando, naquele momento aprender algum novo comportamento, fazer alguma remodelação no seu funcionamento, ou mudar comportamentos que, mesmo que tenham sido úteis em outra etapa, agora são disfuncionais.
Embora as origens de um sintoma possam estar enraizadas num evento externo, sua persistência indica que ele esta sendo usado pela família em alguma transação que está  ocorrendo.
A funcionalidade de um sintoma  varia de acordo com as circunstâncias, o tempo e o lugar. O sintoma pode servir a funções diferentes, em épocas diferentes, para conjuntos diferentes de relações.   Estes padrões podem ser funcionais e assintomáticos durante um longo período de tempo. Eles param de ser assim se um dos elementos da família  aumenta ou muda a sua posição.
Na medida que aceitamos que o problema reside na interação afastamos uma explicação linear dos fenômenos, de causa e efeito, e nos aproximamos da noção de circularidade e, assim, da responsabilidade compartilhada nos sintomas  familiares.
A tarefa do terapeuta é identificar o padrão particular que está relacionado ao sintoma e encontrar uma maneira de mudar este padrão particular. Esse olhar ampliado ajudará o sistema familiar a se mover para uma forma mais complexa de organização que permita enfrentar melhor as circunstâncias atuais da família.
Esta forma de ver o sintoma sai dos esteriótipos de que o sintoma é algo que deve ser removido, e a conduta sintomática passa a ser vista como uma pista do que precisa ser reorganizado, revisto ou aprendido.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Acreditando na possível mudança do ser humano, sempre!


TÉCNICA DE PINTURA MONOCROMÁTICA COM PACIENTES EM CUIDADOS ESPECIAIS




"SE VOCÊ TRATAR UM INDIVÍDUO COMO ELE É, ELE PERMANECERÁ COMO É. MAS SE VOCÊ O TRATAR COMO SE FOSSE O QUE DEVERIA SER, ELE SE TRANSFORMARÁ NO QUE DEVERIA E PODERIA SER". (anônimo)

Ultimamente tenho refeltido muito sobre a riqueza e importância do que realmente significa essa frase.
Essas pinturas acima foram feitas com os 
PACIENTES EM CUIDADO ESPECIAL (P.C.E). 
O P.C.E é um grupo que já existe a um tempo na Clínica de Repouso Santa Isabel-E.S e que antigamente tinha outro nome: "Grupo de Crônicos", o grupo se trata de internos que por conta de sua doença mental perderam vínculos familiares e sociais e hoje são quase que moradores do hospital.
O nome "crônicos" sempre me incomodou porque me passava a idéia de algo que já não tinha mais possibilidades de mudança, de já ter chegado no final do túnel, só que sem luz alguma.
O nome foi mudado e já há cinco anos ele funciona como o P.C.E.
Ao contrário do que o antigo grupo de crônicos sugeria, alguns internos após árduo trabalho com as famílias conseguiram voltar para casa e outros ainda permanecem na instituição, mas SEMPRE sendo tratados 
"como se fossem o que deveríam ser", quem sabe um dia eles também "possam se transformar no que deveríam e poderíam ser"?




sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Transtorno de Personalidade Borderline


A frágil fronteira da razão

Portadores do transtorno de personalidade conhecido como borderline são excessivamente impulsivos, intolerantes e não suportam o abandono

Bruno Abbud

Gustavo, de 26 anos, saltou o muro de um estacionamento em São Paulo, entrou no carro e, ao perceber que estava trancado, acelerou na direção do portão. Ele é excessivamente impulsivo. No dia em que a namorada se recusou a dormir em seu apartamento, estilhaçou uma janela de vidro com o punho. Ele é intolerante. Quando terminou outro relacionamento, Gustavo quis se matar. Ele não suporta o abandono. Depois de uma briga com o pai, tentou enforcar-se com uma linha de nylon. Gustavo sofre demais. A soma dessas características indicam que ele é, sobretudo, uma pessoa doente. Diagnosticado no fim de 2010, tem transtorno de personalidade limítrofe, ou, na sigla em inglês, borderline.
Os sintomas indicam que era essa a doença da advogada Giovana Mathias Manzano, de 35 anos, cujo drama foi revelado numa reportagem de VEJA publicada na edição de 13 de julho. Giovana foi encontrada morta em Penápolis, no interior de São Paulo, depois de ter encomendado o próprio assassinato. Sem coragem para cometer suicídio, a advogada contratou um pistoleiro que disparou três tiros contra sua cabeça. Um médico da cidade chegou a classificá-la como portadora do transtorno borderline, mas o diagnóstico não foi unânime entre os especialistas.
Embora o termo borderline (a palavra significa “fronteiriço”) tenha sido cunhado em 1938 pelo psicanalista americano Adolph Stern – ele concluiu que os pacientes portadores de tal transtorno psiquiátrico estavam no limite entre a neurose e a psicose –, foi só na década de 1980 que o diagnóstico da doença se tornou mais preciso. Até então, muitos médicos acreditavam, equivocadamente, que a personalidade de uma pessoa era imutável.
Ao estudar imagens do cérebro e fazer testes em animais, o psiquiatra americano Robert Cloninger provou que a personalidade é a união entre o temperamento e o caráter. “O temperamento é herdado”, explica o psiquiatra Erlei Sassi, coordenador do Ambulatório dos Transtornos de Personalidade e do Impulso do Hospital das Clínicas (leia a entrevista). “Filho de Pittbull tem tudo para ser um pittbulzinho. Já o caráter é relacionado ao aprendizado, é formado pelo ambiente em que a pessoa vive”. De acordo com Sassi, que estuda o transtorno borderline há 15 anos, o conflito entre o temperamento e o caráter pode gerar uma personalidade problemática. É o caso, por exemplo, de uma criança extremamente perfeccionista que cresce em uma família desorganizada. O convívio levaria a uma frustração constante.
A personalidade começa a ser formada entre o fim da adolescência e o começo da idade adulta. “É nesse momento que os primeiros sintomas de um borderline costumam aparecer”, conta Sassi. O comportamento de uma pessoa, informa o psiquiatra, só configura um transtorno a partir do momento em que o indivíduo gera sofrimento para si e para os outros.
Neste ano, Gustavo tentou suicidar-se quatro vezes. Os braços riscados por cicatrizes evidenciam um dos mais aflitivos sintomas da doença: a autoflagelação. Há quatro meses, por volta das 4 horas da madrugada, deitado na cama, o rapaz telefonou para a mãe, que dormia no quarto vizinho. “Desta vez, acho que eu vou”, disse, com voz pastosa. Ela se levantou num pulo e correu para socorrer o filho. A cena assustou. Ele estava prostrado sobre uma poça de sangue. Os pulsos mutilados e as cartelas vazias do ansiolítico alprazolam caracterizavam a quarta e última tentativa de suicidio.
A versão mais recente do Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-IV) – o guia das doenças psiquiátricas publicado pela Associação Americana de Psiquiatria –, descreve o transtorno borderline com nove sintomas: esforços desmedidos para evitar um abandono real ou imaginado; relações interpessoais instáveis e intensas; autoimagem instável; impulsividade em excesso; automutilação e tentativas recorrentes de suicídio; mudanças de humor constantes e extremas; sentimentos crônicos de vazio; acessos incontroláveis de raiva sem motivos aparentes; e episódios de paranoia. Os mesmos sintomas são apontados pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10), publicação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A família - Para familiares, amigos e leigos, o sofrimento que leva um borderliner a tentar se matar é incompreensível. Segundo Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a automutilação e o suicídio são maneiras que ele encontra para extravasar um sofrimento insuportável. “O boderliner não suporta ficar só”, explica. “Faz qualquer esforço para não ser abandonado e está sempre se queixando de vazio, de uma falta de sentimento de identidade”. Fernanda Martins, psiquiatra e médica-assistente do Ambulatório dos Transtornos de Personalidade do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, conta que a família do borderliner enfrenta uma dor tão terrível quanto a do paciente. 
Desde as últimas crises de Gustavo, qualquer barulho estranho dentro de casa faz com que sua mãe, Tereza, interrompa a respiração involuntariamente. Falta ar. Ela passou a acordar tarde, a deixar compromissos de lado e a fumar. Não dorme enquanto o filho permanece acordado. O som dos passos durante a noite, o ruído acelerado das teclas do computador, o toque característico do celular, tudo que emerge de Gustavo aflige Tereza, que decidiu grudar pequenos folhetos com orações pelas paredes do apartamento. Enquanto assistia ao filme 2012, uma ficção que descreve como seria o apocalipse, um irmão de Gustavo notou que a mãe parecia simpatizar com a ideia do mundo acabar no próximo ano. 
Gustavo passou por uma dezena de psiquiatras e psicólogos até descobrir do que sofria. O diagnóstico de transtorno borderline demorou quatro anos. Hoje, o rapaz se concentra no tratamento com remédios e psicoterapia. Há seis meses, não passa por uma crise.
A Cura - “Os borderliners melhoram com a idade”, afirma o psicanalista Mauro Hegenberg, autor do livro Borderline. Fernanda Martins reforça a tese: “Os sintomas tornam-se mais amenos depois dos 40 anos”, diz. “Mas se o paciente não for tratado, quando chega a essa idade não se casou, não teve filhos, não se formou, não parou em nenhum trabalho. Tem uma vida tão vazia que acaba caindo em depressão”. Com tratamento, é possível – e muito provável – controlar os sintomas até que desapareçam.
Hegenberg observa que o diagnóstico do borderline é complexo. “O psiquiatra que se baseia apenas nos sintomas incluídos no DSM pode errar”, diz. “É comum confundirem a doença com o transtorno bipolar, por exemplo”. Além do diagnóstico difícil, os médicos precisam saber lidar com os pacientes. “É um atendimento que demanda muita energia”, observa Hegenberg. “Você tem que deixar o celular ligado e estar à disposição 24 horas por dia. Já atendi a muitos telefonemas de pacientes que estavam à beira de um suicídio”. Por que decidiu especializar-se num transtorno tão complexo? “O borderliner é muito cativante”, explica Hegenberg. “São pessoas interessantes, inteligentes, cheias de vida e com uma personalidade extremamente sedutora”. 
Leia a matéria na íntegra: 

domingo, 31 de julho de 2011

As Relações Humanas e o Sentido da Vida

                                       

     Ao ser convidada por minha amiga Renata para escrever em seu blog pessoal fiquei imensamente grata, pois além de uma amiga e companheira querida há muitos anos, somos parceiras na profissão da Psicologia. Ela hoje residente em Cachoeiro, e eu, no Rio de Janeiro. Nossas histórias se entrelaçam em vários momentos para cumprir o que a caminhada da vida nos apresenta, por isso somos boas amigas. Nossa relação com a vida é algo de que não abrimos mão, por isso tanta intensidade. Posso dizer que foram muitos os momentos de contemplação da natureza compartilhados, e foram muito ricos de presença de pensamentos que nos alimentaram e alimentam ainda hoje. Uma espécie de cumplicidade existencial na admiração da vida.

      Cito um pouquinho de nossa relação de amizade, com o objetivo de honrá-la, e também de iniciar minha tentativa de falar um pouco sobre essa relação com a existência que faz diversos sentidos para nós enquanto caminhamos juntos.



      Martin Buber, filósofo, em seu livro “Eu e Tu”, nos fala sobre um modo de relação com a vida, pessoas, natureza e com o sagrado através da perspectiva do encontro. Ele diz o seguinte em seu livro : “assim como nenhuma prescrição pode conduzir-nos ao encontro, do mesmo modo nenhuma [ prescrição ] nos faz dele sair”(Eu – Tu, p.125). Assim que li essa passagem, de imediato senti como se fosse uma “revelação” pelo impacto que fez ao cair em mim, provocou - me! A vivência dessa frase, e deixá-la “cair em meu coração” nas horas seguintes, me revigorou o sentido de que a vida está para nos surpreender a cada instante e de que não podemos banalizá-la, apesar de todas as banalizações do cotidiano. Essa ‘perspectiva do encontro’a que Buber se refere parte de uma relação de contemplação na vida concreta. Ele nos fala de um sentido de existir  considerando os fatos, as circunstâncias, a compreensão racional das coisas, mas nos propondo a uma nova relação com aquilo que de “sagrado” temos (digamos assim), seja nos relacionando com outras pessoas ou com a natureza por exemplo. Há uma instância entre nós que não se categoriza, e que faz a vida mais plena todos os dias, quando “há um encontro com”. É uma espécie de vivência que considera a realidade tal como ela é, onde tudo junto É a existência...cotidiano, concreto, imaginário, divino, etc.

       Podemos solicitar o auxílio da definição do professor Zuben* encontrada no livro de Luiz José Veríssimo “A ética da Reciprocidade – diálogo com Buber” para tentar expressar o que estamos falando a respeito desse modo originário de relação:



“A relação Eu - Tu seria uma relação ontológica e existencial que precederia o relacionamento cognoscitivo. Poderia mesmo afirmar que, antes de conhecer a vivência, o homem a vive e a relação objetivante é um empobrecimento da densidade vivencial originária. A contemplação no face a face não é uma intuição cognoscitiva, mas doação de um Tu a um Eu. Este se realiza na relação a um Tu.”**



Essa passagem nos revela um extraordinário ‘que acontece na relação’, e que posteriormente nós a objetivamos com o sentido de “caber” em nossas sistematizações racionais. Mas é vão tentar racionalizar ou classificar absolutamente todas as relações, como nos diz Buber nesta passagem:



“O homem recebe e o que ele recebe não é um “conteúdo” mas uma presença, uma presença que é uma força. Esta presença e esta força encerram três fatos, que embora indivisos, podemos encará-los separadamente. Em primeiro lugar, toda a plenitude da verdadeira reciprocidade, do fato de ser acolhido, de estar vinculado; sem que se possa, de algum modo, dizer como é feito aquilo a que se está ligado e sem que esta ligação nos facilite a vida – ela nos torna a vida mais pesada, porém mais pesada de sentido. Apresenta-se então o segundo ponto: é a inefável confirmação do sentido. Este sentido é garantido. Nada, nada mais pode ser sem sentido. A questão do sentido da vida não se coloca mais. Porém , se ela se colocasse, não precisaria ser respondida. Não sabes demonstrar o sentido e não sabes defini-lo, para ele não possuis nem fórmula, nem imagem e, no entanto, ele é para ti mais certo que os dados de teus sentidos.” (Eu – Tu, p.124)





    Essa vivência de reciprocidade com “alguém” - nessa ‘presença’- a que Buber se refere, seja uma pessoa, a natureza ou Deus (para quem acredita), nos consolida na condição humana e nos dá um sentido de uma construção da vida muito mais concreta a cada dia.





Brunna N.Caldas CRP 05/ 41369 - Psicóloga no Rio de Janeiro e palestrante no X Congresso Brasileiro de Psicoterapia Existencial  que acontece na Unicamp em setembro com o tema: As relações Humanas e o âmbito da Amizade – um estudo a partir de Martin Buber.

Email : brunnacaldas@yahoo.com.br







*Newton Aquiles Von. Martin Buber. Cumplicidade e diálogo. Bauru: EDUSC, 2003, p.151



**Veríssimo, Luiz José. A Ética da Reciprocidade – diálogo com Martin Buber. Rio de janeiro: UAPÊ, 2010, p.20 








segunda-feira, 18 de julho de 2011

Arte no Papel e no corredor













Quem tiver algum parente ou fizer alguma visita na Clínica de Repouso Santa Isabel por esses dias ou até dia 01/08/11 poderá ver a exposição de desenhos e colagens feita pelos próprios internos, que está localizada no corredor central objetivando destacar o inconsciente coletivo da Festa Julhina e seus adereços no imaginário de cada um que participou dos grupos terapêuticos e ocupacionais para a confecção dessa expressão artítica e cultural.
A arte como forma de expressão é um bom remédio para qualquer um, disso eu não tenho dúvida!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Insensatez

I
A loucura do outro é o que me faz enxergar a minha própria insensatez

e me faz repensar de que forma tenho me apresentado aos que ao meu lado estão.

Ontem tive um sonho em que fazia parte de um bando de desvairados

e sem saber por que corria, eu os acompanhava em disparada.

Percebi que entre o medo e a lucidez de salvar minha pele eu caía em minha própria prisão!

Acordei assustada e entendi que o pior lugar para sermos insanos é em nossas próprias crenças.

(Renata M.Magalhães- 16/01/2011)